quarta-feira, dezembro 06, 2006

Raiva

Hoje estou particularmente triste!
Assisti a uma cena que me tocou profundamente...
Comecei por não querer acreditar, mas a insistência e a crueldade prenderam a minha atenção!
Assisti a maus tratos e humilhação de um idoso num local público e ainda que fossem só palavras, teria sido mais fácil e menos triste se tivesse sido testemunha de uma bofetada!
Para alguns pode não ser bom chegar à idade de ter os filhos criados (crescidos tenho dúvidas), sob pena de estes poderem ter a "capacidade" de os maltratarem e humilharem, tão somente porque perderam capacidades e faculdades e não conseguem simplesmente cortar o pastel de bacalhau utilizando o garfo e a faca...
Quem dera estar a brincar!
Foi hoje num restaurante que assisti a uma filha, se é que tem direito a este título, humilhar sua mãe, era assim que lhe chamava!
A senhora era idosa e pareceu-me, porque não consegui deixar de a olhar quando passei, que teria problemas de saúde e a filha com um olhar repreensivo e opressivo sempre fixo na senhora lhe conseguiu dizer coisas tão desumanas... É indescritivel...
Tal como já partilhei com 2 amigos, acho que é das tais coisas que vou ficar sempre com a amarga duvida: Até que ponto não devia ter dito alguma coisa aquela rapariga...
Transcrevo um poema que me diz muito e que gosto bastante:
"Velho"

"Parado e atento à raiva do silêncio
De um relógio partido e gasto pelo tempo
Estava um velho sentado no banco de um jardim
A recordar fragmentos do passado
Na telefonia tocava uma velha canção
E um jovem cantor falava na solidão
Que sabes tu do canto de estar só assim
Só e abandonado como o velho do jardim?
O olhar triste e cansado procurando alguém
E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver
A imagem da solidão que irão viver
Quando forem como tu
Um velho sentado num jardim
Passam os dias e sentes que és um perdedor
Já não consegues saber o que tem ou não valor
O teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
Para dares lugar a outro no teu banco do jardim
O olhar triste e cansado procurando alguém
E a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
Sabes eu acho que todos fogem de ti prá não ver
A imagem da solidão que irão viver
Quando forem como tu
Um resto de tudo o que existiu
Quando forem como tu
Um velho sentado num jardim"

Mafalda Veiga

4 Comments:

Blogger Someone happy! said...

Olá, olá, miúda!
Espanto-me por te teres aguentado, mas sei que não te foi fácil.
São daquelas situações em que ficamos "presas" com a dúvida do vou, não vou a martelar a cabeça, até mesmo depois da cena acabar a raiva persiste em nos atormentar com o "devia de ter dito/feito alguma coisa".
Grrrrrrrrrrrr que nervos!!!
Será que alguém vai ter paciência para essa filha uns anos mais tarde?
Muitas beijokas (sempre)!!!

dezembro 07, 2006 8:43 da manhã  
Blogger Pac said...

Olá Miuda, de facto aguentei-me, talvez há uns anos atrás não me tivesse aguentado, mas a vida vai-nos fazendo menos impulsivas e aprendemos muitas vezes a saber gerir a raiva...

Beijinhos, Obrigada!

dezembro 07, 2006 8:53 da tarde  
Blogger dadefuga said...

Todas as histórias começam por era uma vez...mas a minha história vai começar p....

dezembro 18, 2006 12:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Minhas queridas pensem nisto: se ela trata assim a MÃE que diria ela à Pac?
"Filho és, pai serás; como o fizeres, assim o acharás"...
Pena que não estaremos a assistir de bancada e a sentir vingada a senhora que, mesmo doente ou incapacitada, sentiu o desamor de alguém que foi, talvez em tempos, o melhor que a vida lhe deu....

janeiro 01, 2007 10:48 da tarde  

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